Se tiver de escolher um lado (politicamente falando), terei de escolher a esquerda. Interessei-me cedo por política, numa idade em que a maioria dos meus colegas não tinha qualquer ideia sobre esse tema, nem queria saber, e, certamente influenciado por alguns familiares mais próximos, cresci a "defender" e a "torcer" pelo PS.
Com pouco mais de 10 anos fui para as portas do Altis e para o Largo do Rato, de bandeira na mão, festejar a vitória daquele que iria ser o novo Primeiro-Ministro de Portugal - António Guterres. Recordo-me de escapar, por pouco, de uns ovos lançados por alguém menos satisfeito, e em 1999 regressei para novo festejo, com uma rosa na mão (posteriormente entregue ao próprio Guterres).
Em 2005 fui a um congresso de José Sócrates e vibrei com a sua vitória, tal como fiz em 2009.
Em 2011 assisti com pesar à (re)conquista do PSD, e no decorrer dos últimos anos revoltei-me consecutivamente com as medidas tomadas pelo PSD em coligação com o CDS-PP.
Insatisfeito com António José Seguro, sorri com a vitória de António Costa nas eleições primárias do PS, pessoa em quem depositava a minha confiança e crença de que tinha tudo para ser um excelente Primeiro-Ministro, e foi com otimismo que olhei para as eleições.
Mas tudo mudou quando Costa passou a ser candidato a formar Governo. Da sua boca ainda não consegui ouvir nada que me interessasse, a não ser uma vulgar demagogia para a qual não tenho paciência, e promessas assustadoras face à situação em que vivemos, declamadas apenas para enganar uns quantos e angariar votos. Gosto de política, mas não gosto do tipo de política praticada por Costa. Aquela em que apenas o que interessa é criticar tudo, sem exceção, e prometer meios e fundos, também sem exceção.
Ouvir António Costa deixa-me com medo e com a quase certeza que Portugal ficará muito pior se o tiver à frente de um Governo. Costa não demonstra estar preparado para assumir o cargo de Primeiro-Ministro, e não é uma equipa, por mais competente que seja, que vai resolver essa "deficiência". Costa não quer saber dos esforços que todos tivemos de fazer. Costa não quer assumir que Portugal, em diversos campos, está melhor, ou em curva ascendente. Costa, com olhos fechados e promessas na boca, aparenta não querer saber de Portugal e dos portugueses, mas, apenas, chegar ao lugar de Primeiro-Ministro, como, poderão dizer, todos os outros. Mas enquanto que Costa, para atingir tal meta, esquece tudo e promete tudo, Passos Coelho mantém os pés assentes na terra e promete pouco, ou o mesmo mas num prazo maior. Ou seja, Costa quer chegar logo à meta, ignorando os primeiros metros tão difíceis, e arriscando-se a ter de voltar à linha de partida, enquanto Passos tenta avançar com mais calma, mas com a meta bem à frente dos olhos, sabendo o que tem de fazer para não perder o que já foi conseguido.
Costa, repito, parece querer ignorar o sofrimento e sacrifício daqueles a quem agora pede uma maioria, prometendo o que queremos ouvir. Mas, só entre nós, à custa de quê?
Eu sou de esquerda. Defendo uma política de esquerda. E, o meu partido, é o Partido Socialista. Mas não tenho palas nos olhos, e tal como nas autárquicas já votei PSD para a Assembleia de Freguesia e CDS-PP para a Câmara Municipal, este ano não poderei votar PS nas legislativas.
Porque a verdade é que Passos Coelho tem o mérito de ter dado (em grande parte) a volta à crise. Nada está resolvido, e tal volta implicou muito sacrifício, mas não se consegue nada sem sacrifício. E, afinal, o que é que nós queremos? Uma ilusão ou uma provável garantia de que as coisas vão continuar a melhorar? Queremos mesmo alguém que, se formar Governo, ou vai levar Portugal a uma crise ainda mais grave do que aquela pela qual passámos, ou vai voltar atrás com tudo o que disse e esquecer as promessas?
Porque não me abstenho, porque não voto em branco, porque não voto nulo, porque não voto em partidos que sei que nunca conseguirão vencer eleições, nem são uma alternativa viável, porque não quero que Portugal tenha de pedir um novo resgate, porque não consigo acreditar em António Costa e na sua liderança, e porque Pedro Passos Coelho apresenta-se como alguém com trabalho feito (e em certa medida bem feito), e não tenta transmitir ilusões, eu, socialista, votarei PSD/CDS-PP no próximo domingo.