Lembro-me bem do momento em que senti, pela primeira vez, um bater forte do coração ao olhar para ti. Percebi, nesse instante, que te amava.
Não foi amor à primeira vista o nosso. Nada disso. Não vou dizer que não senti nada ou que não foi especial aquele olhar penetrante e inquieto que me lançaste quando nos conhecemos, mas não nasceu ali uma paixão. Não foi amor à primeira vista o nosso.
No fundo, levámos os dois algum tempo a conhecer-nos melhor. Entraste na minha vida de repente. Claro que eu estava à tua espera há já algum tempo, mas nada nem ninguém me tinham preparado de verdade para a tua chegada. Deveria ter sido uma coisa natural, mas não foi. Entraste de repente na minha vida e eu fiquei em choque.
Aos poucos, dia após dia, noite após noite, fui-te conhecendo e reconhecendo cada vez melhor. E, aos poucos, foste começando a fazer parte da minha vida. E, assim, devagar, o amor foi surgindo e crescendo. Sem pressas, nem atropelos. E agora, de repente, tudo em ti é especial: o cheiro da tua pele, a doçura do teu olhar, a força dos teus braços, a ternura do teu sorriso. E, assim, a cada dia que passa, em cada olhar que trocamos, o nosso amor cresce e fica mais forte.
E hoje, meu filho, estou certa de que o nosso amor não será menor por não ter surgido à primeira vista sob a forma de uma paixão avassaladora. No fundo, poderá até vir a ser mais forte. As ervas daninhas crescem rápido, mas não prestam para nada. Os carvalhos crescem devagar, mas são fortes e duradouros.