A Travessa, Lisboa
Filipe Consciência
Entre a Madragoa e a Lapa, instalado no Convento das Bernardas, datado do século XVII, fica o restaurante "A Travessa", que tivemos oportunidade de visitar a convite da Zomato.
Cuidadosamente restaurado, o restaurante apresenta duas salas acolhedoras, uma delas com lareira, para além da esplanada no claustro, onde se pode aproveitar este tempo mais quente.
O ambiente é informal, mas requintado, com um serviço educado, eficiente e rápido.
A cozinha tem uma influência internacional, mas igualmente focada na gastronomia tradicional portuguesa.
A refeição teve início com o couvert (€3,50) e uma degustação de entradas (€12,50): queijo de cabra panado com doce de abóbora; presunto sobre rúcula; manteiga de queijo emmental com tomate e alho; saladinha de pepino, tomate, beterraba e iogurte; shot de couve flor; pimentos padrón; omeleta de espargos; secretos de porco e amêijoas.
No geral, tudo bom, com destaque para os secretos e para a originalidade do shot de couve flor.
Passando aos pratos, optámos por:
Medalhões de veado com trufas (€31,50) - prato muito bem conseguido, sendo no entanto dispensável a pêra em vinho, devido ao intenso sabor a vinho.
Tornedó de touro bravo com shitake (€29,50) - igualmente bom, com o travo do alecrim a fazer toda a diferença. Destaque menos positivo apenas para os cogumelos, que estavam duros e não tinham sabor.
Os acompanhamentos - batata frita, puré de nabo, esparregado e legumes salteados - eram normais, sem deixar memórias especiais.
No fundo, o ponto alto dos pratos foi mesmo a carne. Extremamente bem confecionada e de alta qualidade, dando vontade de regressar para poder comê-la novamente.
Passando às sobremesas, escolhemos o crème brulée e o pudim Abade de Priscos. E se o crème brulée era normal, o pudim deixava um pouco a desejar. Não sabia ao que devia e a apresentação (framboesa e hortelã) não acrescentava nada e descaracterizava o tipo de pudim.
Em jeito de conclusão - comida boa e bem confecionada, mas sem ser espetacular nem memorável. O que é mau, face aos preços apresentados. Tudo bem que para a maioria dos turistas que frequentam o restaurante (o público alvo), os preços não são nada de extraordinário, mas para um português normal são demasiado exagerados tendo em conta os pratos e a qualidade apresentada. Para comer a estes preços, existem muitas outras opções em Lisboa mais merecedoras do dinheiro gasto.
Por fim, falta ainda escrever sobre o transfer gratuito para o restaurante. Se um dos maiores problemas do restaurante "A Travessa" poderia ser a localização e a falta de estacionamento na zona, tudo fica resolvido com o transfer gratuito de ida e volta a partir do parque de estacionamento do Largo Vitorino Damásio, em Santos. O transfer não só é útil, como ao mesmo tempo é curioso por se tratar de um "pão de forma" com aproximadamente cinquenta anos. A cereja em cima do bolo é que o parque de estacionamento é pago pelo restaurante.
Jantar oferecido pela Zomato, sobre a qual já escrevi aqui.