Flores? Para mim? Ohhhhhh...
Filipe Consciência
A propósito do post de segunda-feira, lembrei-me de uma situação caricata que aconteceu comigo há uns meses. Com um ramo de flores na mão, entrei na Arcádia para comprar chocolate. Assim que entrei, a funcionária que estava ao balcão começou a chamar uma colega. "Vem cá depressa! Rápido!", sussurrou.
A colega apareceu e eu, que estava com o ramo de flores na mão e a olhar para as prateleiras à procura do chocolate que queria, ouvi:
"Devem ser do teu namorado!"
Confesso que, durante uns segundos, fiquei de boca aberta com tamanha confusão. Eu não sei como é que costumam andar os homens que fazem entregas de flores, mas ficaria admirado se me dissessem que andam de fato e gravata... Logo por aí, acho que seria de concluir que eu era um cliente normal e que não ia entregar flores. Além disso, entrei e fui ver os produtos à venda. Ora se estivesse a entregar flores, não perdia tempo a olhar para os chocolates.
Mas não. Para elas, era um funcionário de uma florista, ou de uma empresa de estafetas, vestido de fato e gravata, e andava a ver chocolates para oferecer a alguém, antes de entregar o ramo do namorado apaixonado à funcionária sortuda.
Com o chocolate escolhido, caminhei para o balcão e olhei para os sorrisos de orelha a orelha estampados nas caras das duas funcionárias. Uma, devia estar encantada com o romantismo do namorado da outra, e invejosa com tamanho ato de amor. A outra, devia estar a pensar como era tão feliz por ser surpreendida com um ramo de flores durante o trabalho.
Assim que pousei o chocolate no balcão, e mantive o ramo na minha mão, a expressão das duas mudou drasticamente e, ao sair, pude ouvir as duas a comentar como afinal o não sei quantos não era romântico.
Acontece-me cada uma...