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Filipe Consciência

Filipe Consciência

10.10.17

Watt - o novo restaurante do Chef Kiko em Lisboa


Filipe Consciência

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Chama-se Watt (e não What), fica na sede da EDP, no Cais do Sodré (daí o nome) e é dedicado à cozinha saudável e sustentável. Ali não entram fritos, refogados, gorduras ou açúcares refinados. Já os pratos cozinhados a vapor ou crus são bem recebidos.

 

 

O espaço é muito bonito (como todos os outros do Chef Kiko) com um estilo retro e industrial, que resulta na perfeição com a modernidade da sede da EDP onde está instalado. 

 

O Chef austríaco Martin Schreiner é quem está ao comando do restaurante, mas Kiko Martins não deixa de passar por lá, como aliás aconteceu no dia em que lá fomos. E é bem "visível" a criatividade e mão do Chef Kiko nos pratos.

 

Antes de passar à comida, destaque para o serviço simpático e atencioso. Algo normal nos restaurantes do Chef Kiko, mas que deve ser sempre destacado. 

 

 

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A refeição começou com o agradável couvert composto por dois molhos - tzatziki com azeitonas desidratadas e molho romesco - e dois pães - flat bread de alfarroba e papaduns.

 

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Segui-se um dos melhores pratos da refeição. Estava simplesmente soberbo. Poke de atum com algas, molho ponzu, sésamo e abacate. Forte, intenso, delicioso!

 

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Para voltar a arrasar, uns deliciosos cogumelos na grelha com espuma de couve flor, avelãs e gema trufada. Perfeito.

 

 

Seguiu-se uma espetada de polvo galega e cevadinha com camarão, mexilhão e ervilha torta. A cevadinha estava muito boa, mas o polvo estava seco e rijo por ter passado do ponto.

 

Lamentavelmente o mesmo voltou a acontecer no outro prato principal. Camarão indiano em folha de bananeira com lentilhas, malaguetas, coco e chutney de manga. Um bom prato, que pecou por alguma falta de sabor e por causa dos camarões que passaram do ponto. Um pequeno deslize que, conforme me transmitiu o Chef Kiko, será retificado.

 

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Em relação às sobremesas, escolhemos o ananás grelhado, sponge cake de pinhão, marshmallow de mel e gelado de iogurte.

 

 

E a barra energética do Watt. Nome perfeito, tendo em conta a localização do restaurante e sua filosofia. Apresentação muito criativa. Já quanto ao sabor... No fundo, e de forma simples, sabia a uma barra energética. Tal e qual. Bem sei que é uma barra de coco com pistácio, tâmaras, togorashi, peta zetas e gelatina de laranja. Mas, no fim, o que comemos é uma barra energética. Mesma textura, mesmo sabor. É evidente que as petas zetas fazem diferença, mas duvido que alguém queira terminar uma boa refeição com uma barra energética. 

 

Depois de saber a minha opinião sobre o prato, o Chef Kiko pediu-me alguma sugestão de melhoria. Disse-me que foi das sobremesas que deu mais trabalho e andaram várias semanas à volta com o prato. Disse-lhe que esperava um sabor mais forte, ou um contraste de sabores mais evidente. O Chef concordou com o comentário e informou que tentará juntar um sorbet na própria barra. Restam-me dois comentários - o sorbet deve fazer toda a diferença na versão 2.0, e a atitude do Chef Kiko foi impecável. Recebeu as críticas, pediu sugestões, aceitou as críticas e sugestões, mostrou-se disponível para ajudar... Enfim, deu uma lição de humildade a muitos Chefs do nosso país.

 

Em resumo, o Watt é um restaurante extremamente agradável, para ir em família, casal, sozinhos ou com amigos, os pratos têm qualidade e bons sabores (há alguns pontos a melhorar, mas quem não tem?) e o serviço é muito simpático. Os preços têm um pouco de energia a mais, mas vale a pena conhecer e experimentar.